teus olhos estavam cerrados,
fechados para sempre
Para sempre fechavas a tua boca
que tantas vezes, palavras de coragem
tinham pronunciado.
Tuas mãos cruzadas sobre o peito
ressequidas pela doençapela vida tão dura que levaste...
Estavas ali, mas...
já não eras tu
Não podia ser teu, aquele corpo
parado, adormecido
Beijei teu rosto tantas vezes,
julgando ver de novo abrir teus olhos
ver de novo o teu sorrir
ouvir de novo a tua voz.
Mas, mais que o teu corpo, o teu rosto, a tua voz
Beijei tuas mãos
quanto trabalho elas fizeram ó pai...
Como as soubestes empregar!
Quantas vezes olhei para elas
E as vi calejadas, cansadas
Escuras pela vida dura e difícil que levaste
...mas eram lindas!
Quanto orgulho eu sinto por elas
Ontem, hoje, sempre!?
E lembro que doente e, já parado
no velho sofá sentado
Tu as olhavas tantas vezes...tão desesperado!
Sentias de dia p'ra dia teu corpo morrer
e vias tuas mãos desfalecer
E, quando para sempre sobre o peito
As tuas mãos te cruzaram
Essas mãos que tanto trabalharam
Eu de novo quis beijá-las
Com minhas lágrimas molhá-las
Com meus beijos aquecê-las
e protegê-las
Eu quis dar-lhe vida
De novo vê-las mexer
e para sempre, para sempre
VIVER!...
Em memória do meu pai, falecido em Janeiro de 1981
Escrito em Maio de 1987
Escrito em Maio de 1987
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