sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Tenho-te no meu olhar

Dizem que "partiste"...dizem...
Olhei-te deitado numa cama diferente, de olhos fechados, de boca calada, lindo, sereno, de roupa nova, diferente da habitual.
À minha, à nossa, à tua volta muita gente....
Amigos presentes, curiosos, amigos de longa data, amigos que não via há muito...Teus Amigos!
Vieram de todos os lugares...
E eram tantos!
Olhavam-te curiosos, incrédulos, sem perceber.
Alguns vieram para se despedirem, outros para te reencontrarem, outros para te olharem...simplesmente, silenciosamente.
E tu permaneceste!
Transformando o sepulcro, num lugar Sagrado, tanta era a paz e a serenidade que irradiavas.
E não poderia ser nunca de outra forma, meu querido, meu Amado irmão.
Foi assim que viveste.
Foi assim que firme, sereno, solidário, irradiaste paz, tanta paz...mesmo quando, com o coração dilacerado de dor.
Dor que silenciosamente guardavas, oferecendo-a e louvando a Deus...Teu Grande e Maior Amigo!.
Dor, silêncio, sacrifício que tantas vezes te vi e ouvi agradecer a Nossa Senhora. A Senhora de Fátima que sempre amaste e veneravaste,
a quem tantas vezes recorreste e agradeceste...ensinando-nos a todos, os que te acompanhavam a humildade, a bondade.
Neste lugar Sagrado, que se tornou Sacrário a todos abençoaste e reconfortaste.
A uns, aos mais corajosos estendestes a mão, aos outros, os mais frágeis, pegastes ao colo.
À nossa mãe acarinhastes e beijastes o rosto, a nós, os teus filhos, os teus irmãos, a tua companheira de todas as horas, abraçastes e aconchegastes no peito, nesse teu coração enorme.
Ah, meu querido irmão.
Neste turbilhão de pensamentos, nesta mistura de lágrimas, de palavras e sorrisos não chego a entender o que me aconteceu,
Perdi-te?
Deixei-te partir?
Não, no meu olhar cada vez mais triste, só vejo os teus passos, o teu sorriso, as tuas palavras sábias,
Não, não vou deixar que partas, mesmo sabendo que o nosso lugar não é aqui.
Não vou permitir que esta nossa união, que estes laços com que nos enlaçaram nossos pais, se soltem ou se desvaneçam.
Seja qual for o lugar, eles onde tornar-se cada vez mais fortes,
O nosso pai, mesmo partindo não deixou que nos separássemos, antes nos mantivemos unidos cada vez mais, tendo a nossa mãe para nos guiar os passos, conduzir-nos no caminho.
Não vou deixar-te partir!.
Porque se partires, partirei contigo.
Estás nas minhas entranhas, no meu coração.
Tenho-te cada vez mais no meu olhar!...

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